Parábola da semente

"Saiu o semeador a semear..." (Mc 4,3)



quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Símbolos e Mensagem de Páscoa



O que é a  Páscoa?
Páscoa é a solenidade da ressurreição de Jesus Cristo. Jesus, que foi crucificado e morto na sexta-feira e teve seu corpo colocado em um sepulcro. Ressuscitou e está vivo no meio de nós. A palavra Páscoa é de origem hebraica ( Pessach), e significa passagem, ou seja, passagem da morte para a vida.
Nos Evangelhos há vários textos que narram a Ressurreição:
Mc 16,1-8
Lc 24,1-12
Jo 20,1-10
Mt 28,1-10

Símbolos da Páscoa

LUZ

As luzes caracterizam as celebrações pascais. Nas comunidades religiosas e Igrejas, no sábado da vigília pascal com o fogo novo acende-se uma grande vela denominada círio pascal e com ele acendem-se todas as velas das pessoas presentes. O círio é símbolo de Jesus Cristo que comunica sua luz a todos os povos.

CÍRIO PASCAL

No círio há duas letras gregas -alfa e ômega - , a primeira e a última letra do alfabeto grego. O alfa representa o princípio e o ômega, o fim. Jesus disse: "Eu sou o princípio e o fim". E São Paulo dirá: "Jesus Cristo, ontem, hoje e sempre" (Hb 13,8).
No círio há ainda a indicação dos quatro algarismos do ano que está em curso, simbolizando a presença viva de Jesus junto a todos os povos do mundo, com união de fé e de esperança.
Neste ano os números serão 2011.

PEIXE

Peixe é um dos símbolos mais antigos. Os primeiros cristãos, ao se referirem a Jesus Ressuscitado, utilizavam a palavra peixe, escrita em grego: ICTYS. Assim, nas casas, nas roupas, nas conversas e nas catacumbas, a figura e a palavra peixe são encontradas. A relação com a Páscoa se acha neste detalhe da palavra  que aparece nos encontros de Jesus com os apóstolos após a Ressurreição (Jo 21,9) e (Lc 24,42-43).

SINOS
Os sinos festivos, que repicam na noite da Ressurreição, expressam de maneira solene e alegre no canto do Aleluia. Ns comunidades onde não existem sinos, utilizam-se CDs com gravações lindas de músicas com sinos. 

VESTES BRANCAS
As vestes brancas e paramentos dos que presidem as celebrações, que se usam na Páscoa, recordam, em primeiro lugar os anjos, "personagens de vestes fulgurantes" (Lc 24, 4), que anunciaram a Ressurreição.

ALELUIA
O Cântico do Aleluia (HALLELUI-YAH ) que significa "louvor ao Senhor", é um dos símbolos mais expressivos da alegria da Ressurreição. É bastante conhecido o Aleluia de Haendel. Em todas as celebrações litúrgicas cantam-se Aleluias.

GIRASSOL

Maria Madalena encontrou Jesus ressuscitado num jardim. As flores alegres simbolizam o clima festivo da Páscoa. Dentre as flores, o girassol é um dos símbolos mais ricos em conteúdo.
Sempre
voltado para o sol, do nascente ao poente, o girassol é símbolo dos cristãos, que vivem sua fé na Ressurreição, voltados e recebendo luz do Sol-Cristo. De Cristo Luz recebem força, calor, motivações e vida.

O CORDEIRO


Simboliza Cristo, oferecido em sacrifício em favor do seu rebanho. Jesus é apresentado por João Batista como o Cordeiro de Deus que salva. E também, Jesus se diz o Bom Pastor.

O PÃO E O VINHO

Simbolizam o corpo e o sangue de Jesus, oferecido aos seus discípulos, na Ceia Pascal. Veja o texto bíblico em Marcos 14,22-26.

OVO DE PÁSCOA

O ovo é um símbolo de Vida nova, de vida que está para nascer. Lembra o túmulo fechado em que Jesus morto foi colocado. Três dias depois Ele  ressuscitou. Disse o Anjo às mulheres: "Ressuscitou, não está aqui" (Mc 16,6).


COELHO

O coelho é um animal bastante fecundo, capaz de gerar em grande quantidade.
É símbolo da Páscoa que acontece dentro da comunidade também fecunda de vida da graça de Deus. Esta fecundidade fundamenta-se nas palavras de Jesus Ressuscitado aos apóstolos: "Ide por todo o mundo, proclamando a boa notícia a toda a humanidade!" (Mc 16,15).

CARTÕES

Os cartões levam mensagem de alegria e de vida para quem os recebe. Simbolizam os mensageiros (anjos) que anunciaram a ressurreição de Jesus. Quem envia um cartão de Páscoa é uma mensageiro desta Vida Nova! Podem ser enviados cartões impressos ou virtuais. Acesse e envie cartões com belas mensagens em: http://www.paulinas.org.br/cartoes/plHomeCartoes.aspx?idTipo=54

MÚSICA
As alegres músicas de Páscoa desde as clássicas até as populares comunicam também o anúncio feliz da Vida que é Jesus. Recordem-se: Aleluia de Haendel, as inúmeras Bênçãos Pascais, no CD Ação de Graças no Dia do Senhor - Ciclo de Natal- Ciclo Pascal- Tempo Comum. Acesse: 
O CD Cuida bem da Palavra, Pe. Zezinho, scj traz a música Ressurreição que está num clip neste blog.



MENSAGEM

É PÁSCOA!
Páscoa é passagem!
Passagem para onde?
As autoridades do tempo
pensavam ter eliminado a comunicação com Jesus.
Calaram sua voz.
Paralisaram seus gestos.
Anularam suas expressões e o colocaram num túmulo.
Apagaram sua presença.
Poucos perceberam.
Poucos creram, mas na verdade Jesus passou para a "outra margem"!
Jesus criou uma EXPRESSÃO NOVA DE VIDA!
A "outra margem" é a estrada de Emaús
por onde caminha com dois discípulos.
A "outra margem" é a praia do mar da Galileia, onde,
VIVO, ele prepara o peixe
para a partilha com os amigos.
A "outra margem" é a presença viva no Cenáculo,
onde rompe os limites das portas
e dos corações fechados pelo medo!
A "outra margem" é
construção de vida que se faz hoje,
a partir da comunicação libertadora.
Hoje é a passagem para a "outra margem"!
Hoje é PÁSCOA!
(Ir. Patrícia Silva, fsp)

sábado, 27 de janeiro de 2024

58º Dia Mundial das Comunicações Sociais - Inteligência artificial e sabedoria do coração

 

freepik

Foi divulgada no dia 24 de janeiro, pelo Papa Francisco,  a mensagem do 58º Dia Mundial das Comunicações Sociais. O tema é “Inteligência artificial e sabedoria do coração: para uma comunicação plenamente humana”.

Francisco reflete sobre a evolução da inteligência artificial e como ela está mudando radicalmente a informação e a comunicação, afetando não só os profissionais, mas a todos. Ele convida a não se posicionar contra o “novo” na tentativa de “conservar um mundo belo, condenado a desaparecer”, mas a aderir honestamente, permanecendo determinados e resistentes, com um coração puro, a tudo o que nele houver de destrutivo e desumano. Ao concluir, Francisco recomenda que, “para não perder a nossa humanidade, procuremos a Sabedoria que existe antes de todas as coisas (cf. Eclo 1, 4), que, passando através dos corações puros, prepara amigos de Deus e profetas (cf. Sb 7, 27).” Esta há de nos ajudar também a orientar a inteligência artificial para uma comunicação plenamente humana, conclui o Papa Francisco.

Mensagem na íntegra:

freepik

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO

PARA O 58º DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS

(12 de maio de 2024)


Inteligência artificial e sabedoria do coração:

para uma comunicação plenamente humana 

Queridos irmãos e irmãs!

A evolução dos sistemas da chamada «inteligência artificial», sobre a qual já me debrucei na recente Mensagem para o Dia Mundial da Paz, está modificando de forma radical também a informação e a comunicação e, através delas, algumas bases da convivência civil. Trata-se duma mudança que afeta não só aos profissionais, mas a todos. A rápida difusão de maravilhosas invenções, cujo funcionamento e potencialidades são indecifráveis para a maior parte de nós, suscita um espanto que oscila entre entusiasmo e desorientação e põe-nos inevitavelmente diante de questões fundamentais: O que é então o homem, qual é a sua especificidade e qual será o futuro desta nossa espécie chamada homo sapiens na era das inteligências artificiais? Como podemos permanecer plenamente humanos e orientar para o bem a mudança cultural em curso?

A partir do coração

Antes de mais nada, convém limpar o terreno das leituras catastróficas e dos seus efeitos paralisadores. Já há um século, Romano Guardini, refletindo sobre a técnica e o homem, convidava a não se endurecer contra o «novo» na tentativa de «conservar um mundo belo condenado a desaparecer». Ao mesmo tempo, porém, com veemência profética advertia: «O nosso lugar é no devir. Devemos inserir-nos nele, cada um no seu lugar (...), aderindo honestamente, mas permanecendo sensíveis, com um coração incorruptível, a tudo o que nele houver de destrutivo e não-humano». E concluía: «Trata- se – é verdade – de problemas de natureza técnica, científica e política; mas só podem ser resolvidos passando pelo homem.

Deve-se formar um novo tipo humano, dotado duma espiritualidade mais profunda, duma nova liberdade e duma nova interioridade».  [1]

Neste tempo que corre o risco de ser rico em técnica e pobre em humanidade, a nossa reflexão só pode partir do coração humano.  [2]  Somente dotando-nos dum olhar espiritual, apenas recuperando uma sabedoria do coração é que poderemos ler e interpretar a novidade do nosso empo e descobrir o caminho para uma comunicação plenamente humana. O coração, entendido biblicamente como sede da liberdade e das decisões mais importantes da vida, é símbolo de integridade e de unidade, mas evoca também os afetos, os desejos, os sonhos, e sobretudo é o lugar interior do encontro com Deus. Por isso a sabedoria do coração é a virtude que nos permite combinar o todo com as partes, as decisões com as suas consequências, as grandezas com as fragilidades, o passado com o futuro, o eu com o nós.

Esta sabedoria do coração deixa-se encontrar por quem a busca e deixa-se ver a quem a ama; antecipa-se a quem a deseja e vai à procura de quem é digno dela (cf. Sab 6, 12-16). Está com quem aceita conselho (cf. Pr 13, 10), com quem tem um coração dócil, um coração que escuta (cf. 1 Re 3, 9). É um dom do Espírito Santo, que permite ver as coisas com os olhos de Deus, compreender as interligações, as situações, os acontecimentos e descobrir o seu sentido. Sem esta sabedoria, a existência torna-se insípida, pois é precisamente a sabedoria que dá gosto à vida: a sua raiz latina sapere associa-a ao sabor.

Oportunidade e perigo

Não podemos esperar esta sabedoria das máquinas. Embora o termo inteligência artificial já tenha suplantado o termo mais correto utilizado na literatura científica de machine learning (aprendizagem automática), o próprio uso da palavra «inteligência» é falacioso. É certo que as máquinas têm uma capacidade imensamente maior que os seres humanos de memorizar os dados e relacioná-los entre si, mas compete ao homem, e só a ele, descodificar o seu sentido. Não se trata, pois, de exigir das máquinas que pareçam humanas; mas de despertar o homem da hipnose em que cai devido ao seu delírio de onipotência, crendo-se sujeito totalmente autônomo e autorreferencial, separado de toda a ligação social e esquecido da sua condição de criatura.

Realmente o homem sempre teve experiência de não se bastar a si mesmo, e procura superar a sua vulnerabilidade valendo-se de todos os meios. Partindo dos primeiros instrumentos pré-históricos, utilizados como prolongamento dos braços, passando pelos meios de comunicação como extensão da palavra, chegamos hoje às máquinas mais sofisticadas que funcionam como auxílio do pensamento. Entretanto cada uma destas realidades pode ser contaminada pela tentação primordial de se tornar como Deus sem Deus (cf. Gn 3), isto é, a tentação de querer conquistar com as próprias forças aquilo que deveria, pelo contrário, acolher como dom de Deus e viver na relação com os outros.

Cada coisa nas mãos do homem torna-se oportunidade ou perigo, segundo a orientação do coração. O próprio corpo, criado para ser lugar de comunicação e comunhão, pode tornar-se instrumento de agressão. Da mesma forma, cada prolongamento técnico do homem pode ser instrumento de amoroso serviço ou de domínio hostil. Os sistemas de inteligência artificial podem contribuir para o processo de libertação da ignorância e facilitar a troca de informações entre diferentes povos e gerações. Por exemplo, podem tornar acessível e compreensível um patrimônio enorme de conhecimentos, escrito em épocas passadas, ou permitir às pessoas comunicarem em línguas que lhes são desconhecidas. Mas simultaneamente podem ser instrumentos de «poluição cognitiva», alteração da realidade através de narrações parcial ou totalmente falsas, mas acreditadas – e partilhadas – como se fossem verdadeiras. Basta pensar no problema da desinformação que enfrentamos, há anos, no caso das fake news  [3]  e que hoje se serve da deep fake, isto é, da criação e divulgação de imagens que parecem perfeitamente plausíveis, mas são falsas (já me aconteceu também ser objeto delas), ou mensagens-áudio que usam a voz duma pessoa, dizendo coisas que ela própria nunca disse. A simulação, que está na base destes programas, pode ser útil nalguns campos específicos, mas torna-se perversa quando distorce as relações com os outros e com a realidade.

Já desde a primeira onda de inteligência artificial – a das redes sociais – compreendemos a sua ambivalência, constatando a par das oportunidades também os riscos e as patologias. O segundo nível de inteligências artificiais geradoras marca, indiscutivelmente, um salto qualitativo. Por conseguinte é importante ter a possibilidade de perceber, compreender e regulamentar instrumentos que, em mãos erradas, poderiam abrir cenários negativos. Os algoritmos, como tudo o mais que sai da mente e das mãos do homem, não são neutros. Por isso é necessário prevenir propondo modelos de regulamentação ética para contornar os efeitos danosos, discriminadores e socialmente injustos dos sistemas de inteligência artificial e contrastar a sua utilização para a redução do pluralismo, a polarização da opinião pública ou a construção do pensamento único. Assim reitero aqui a minha exortação à «Comunidade das Nações a trabalhar unida para adotar um tratado internacional vinculativo, que regule o desenvolvimento e o uso da inteligência artificial nas suas variadas formas».  [4]  Entretanto, como em todo o âmbito humano, não é suficiente a regulamentação.

Crescer em humanidade

Somos chamados a crescer juntos, em humanidade e como humanidade. O desafio que temos diante de nós é realizar um salto de qualidade para estarmos à altura duma sociedade complexa, multiétnica, pluralista, multirreligiosa e multicultural. Cabe a nós questionar-nos sobre o progresso teórico e a utilização prática destes novos instrumentos de comunicação e conhecimento. As suas grandes possibilidades de bem são acompanhadas pelo risco de que tudo se transforme num cálculo abstrato que reduz as pessoas a dados, o pensamento a um esquema, a experiência a um caso, o bem ao lucro, com o risco sobretudo de que se acabe por negar a singularidade de cada pessoa e da sua história, dissolvendo a realidade concreta numa série de dados estatísticos.

A revolução digital pode tornar-nos mais livres, mas certamente não conseguirá fazê-lo se nos  prender nos modelos designados hoje como echo chamber (câmara de eco). Nestes casos, em vez de aumentar o pluralismo da informação, corre-se o risco de se perder num pântano anônimo, favorecendo os interesses do mercado ou do poder. Não é aceitável que a utilização da inteligência artificial conduza a um pensamento anônimo, a uma montagem de dados não certificados, a uma irresponsabilidade editorial coletiva. A representação da realidade por bigdata (grandes dados), embora funcional para a gestão das máquinas, implica na realidade uma

perda substancial da verdade das coisas, o que dificulta a comunicação interpessoal e corre o risco de danificar a nossa própria humanidade. A informação não pode ser separada da relação existencial: implica o corpo, o situar-se na realidade; pede para correlacionar não apenas dados, mas experiências; exige o rosto, o olhar, a compaixão e ainda a partilha.

Penso na narração das guerras e naquela «guerra paralela» que se trava através de campanhas de desinformação. E penso em tantos repórteres que ficam feridos ou morrem no local em efervescência para nos permitir ver o que viram os olhos deles. Pois só tocando pessoalmente o sofrimento das crianças, das mulheres e dos homens é que poderemos compreender o caráter absurdo das guerras.

A utilização da inteligência artificial poderá proporcionar um contributo positivo no âmbito da comunicação, se não anular o papel do jornalismo no local, antes, pelo contrário, se o apoiar; se valorizar o profissionalismo da comunicação, responsabilizando cada comunicador; se devolver a cada ser humano o papel de sujeito, com capacidade crítica, da própria comunicação.

Interrogativos de hoje e de amanhã

E surgem, espontâneas, algumas questões: Como tutelar o profissionalismo e a dignidade dos trabalhadores no campo da comunicação e da informação, juntamente com a dos usuários em todo o mundo? Como garantir a interação das plataformas? Como fazer com que as empresas que desenvolvem plataformas digitais assumam as suas responsabilidades relativamente ao que divulgam daí tirando os seus lucros, de forma análoga ao que acontece com os editores dos meios de comunicação tradicionais? Como tornar mais transparentes os critérios subjacentes aos algoritmos de indexação e desindexação e aos motores de pesquisa, capazes de exaltar ou cancelar pessoas e opiniões, histórias e culturas? Como garantir a transparência dos processos de informação? Como tornar evidente a autoria dos escritos e rastreáveis as fontes, evitando o escudo do anonimato? Como deixar claro se uma imagem ou um vídeo retrata um acontecimento ou o simula? Como evitar que as fontes se reduzam a uma só, a um pensamento único elaborado algoritmicamente? E, ao contrário, como promover um ambiente adequado para salvaguardar o pluralismo e representar a complexidade da realidade? Como podemos tornar sustentável este instrumento poderoso, caro e extremamente consumidor de energia? Como podemos torná-lo acessível também aos países em vias de desenvolvimento?

A partir das respostas a estas e outras questões compreenderemos se a inteligência artificial acabará por construir novas castas baseadas no domínio informativo, gerando novas formas de exploração e desigualdade ou se, pelo contrário, trará mais igualdade, promovendo uma informação correta e uma maior consciência da transição de época que estamos atravessando, favorecendo a escuta das múltiplas carências das pessoas e dos povos, num sistema de informação articulado e pluralista. De um lado, vemos assomar o registro de uma nova escravidão, do outro uma conquista de liberdade; de um lado, a possibilidade de que uns poucos condicionem o pensamento de todos, do outro a possibilidade de que todos participem na elaboração do pensamento.

A resposta não está escrita; depende de nós. Compete ao homem decidir se há de tornar-se alimento para os algoritmos ou nutrir o seu coração de liberdade, sem a qual não se cresce na sabedoria. Esta sabedoria amadurece valorizando o tempo e abraçando as vulnerabilidades.

Cresce na aliança entre as gerações, entre quem tem memória do passado e quem tem visão de futuro. Somente juntos é que cresce a capacidade de discernir, vigiar, ver as coisas a partir do seu objetivo. Para não perder a nossa humanidade, procuremos a Sabedoria que existe  antes de todas as coisas (cf. Eclo 1, 4), que, passando através dos corações puros, prepara amigos de Deus e profetas (cf. Sb 7, 27): há de ajudar-nos também a orientar os sistemas da inteligência artificial para uma comunicação plenamente humana.

Roma – São João de Latrão, 24 de janeiro de 2024.

[Francisco]


[1]  Cartas do Lago de Como (Brescia  5 2022), 95-97

[2]  Em continuidade com as anteriores Mensagens para o Dia Mundial das Comunicações

Sociais, dedicadas a «encontrar as pessoas onde estão e como são» (2021), «escutar com o

ouvido do coração» (2022) e «falar com o coração» (2023).

[3]  Cf. Mensagem para o LII Dia Mundial das Comunicações (2018): «“A verdade vos tornará

livres” (Jo 8, 32). Fake news e jornalismo de paz».

[4]  Mensagem para o LVII Dia Mundial da Paz: 1 de janeiro de 2024, 8.

 Fonte: https://www.vatican.va/


sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Mistagogia é Missão de catequista em nome da Igreja

 


Catequista é mistagogo!

Comecemos por entender o que significa a palavra.  A palavra ‘mistagogia' vem do grego e á composta de duas partes: ‘mist' + ‘agogia'.  ‘Mist' vem de ‘mistério' e ‘agogia' significa ‘conduzir', ‘guiar'.  Podemos definir a palavra como: a ação de guiar, conduzir para dentro do mistério. É muito interessante!

E o que diz a Igreja?

Na carta apostólica de Motu Proprio, Antiquum Ministerium , o Papa Francisco diz: “O catequista é simultaneamente testemunha da fé, mestre e mistagogo, acompanhante e pedagogo que instrui em nome da Igreja. Uma identidade que só mediante a oração, o estudo e a participação direta na vida da comunidade é que se pode desenvolver com coerência e responsabilidade” (AM, n.06)

A mistagogia, então,  como ato de iniciar e instruir alguém nos valores da fé, é própria de catequistas.

Pode-se dizer que mistagogia é o tempo em que a pessoa aprofunda  e transmite aquilo que já é realidade na sua vida cristã.

Isto acontece a partir do diálogo que Deus vai tecendo amorosamente com cada pessoa e com cada comunidade. É uma espécie de eco dessa relação com Deus.

Primeiro a iniciação cristã. Depois a mistagogia

A mistagogia normalmente vem depois da celebração dos sacramentos da iniciação cristã. A pessoa chega ao conhecimento completo dos mistérios através das explicações e da experiência dos sacramentos recebidos.

Assim, os fiéis são ‘iniciados' no mistério, não somente com palavras, mas através de ações simbólicas como os ritos. No sentido original, são os ritos das celebrações litúrgicas que têm esta função mistagógica de conduzir para dentro do mistério.

Conhecer Jesus é o melhor presente

A celebração, cada momento, cada palavra, cada gesto, cada movimento, revela o mistério e faz mergulhar nele: no mistério de Deus, no mistério da vida, no mistério da história e no próprio mistério.

Ser cristão não é um dever pesado, uma obrigação, mas um dom: "Deus Pai nos abençoou em Jesus Cristo”. O Documento de Aparecida diz: “A alegria do discípulo é antídoto frente a um mundo atemorizado pelo futuro e oprimido pela violência e pelo ódio... Conhecer Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber e dar; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria” (DAp. 29).

sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Oração do Catequista



PAI NOSSO
Primeiro catequista da humanidade e nosso Mestre
Pai de todos nós, seus discípulos e missionários
Presente na vida e na missão de todos os catequistas
Presente nos catequizandos que acompanhamos

SANTIFICADO SEJA O VOSSO NOME:
Na Palavra que anuncio
Na atenção que dedico aos catequizandos
Pelo/a catequista que sou.

VENHA A NÓS O VOSSO REINO:
Reino de paz e justiça
Reino de fé e testemunho
Reino de amor
Reino de serviço e doação

SEJA FEITA A VOSSA VONTADE ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU:
Em minha vida e na vida de nossa comunidade
Em tudo  que comunico e testemunho
No testemunho que recebo
No coração de todos a quem sou chamado/o a evangelizar.

sábado, 24 de junho de 2023

O ministério de catequista

 



Através da Carta Apostólica “Antiquum Ministerium” o  Papa Francisco instituiu o Ministério de Catequista. A Carta Apostólica é composta por onze parágrafos nos quais apresenta sua justificativa, importância desse serviço e define algumas orientações pastorais.

O ministério antigo na Igreja

Esse ministério faz-se presente na Igreja deste os primórdios das Comunidades Cristãs. Os diversos textos do NT nos convidam a refletir sobre a importância desse serviço. O evangelista Lucas ao escrever o seu Evangelho tinha como objetivo oferecer uma base sólida para a instrução (cf. Lc 1,3-4). Aos Gálatas comenta o apóstolo Paulo: «Mas quem está a ser instruído na Palavra esteja em comunhão com aquele que o instrui, em todos os bens» (Gal 6,6). A solidez da catequese contribui, portanto, para a profundidade da comunhão da Igreja. Onde impera a ignorância teológica, lá reina a confusão.

A diversidade de dons

Na Igreja há diversidade de manifestações do Espírito Santo como afirma o apóstolo Paulo aos Coríntios quando menciona os mestres: «E aqueles que Deus estabeleceu na Igreja são, em primeiro lugar, apóstolos; em segundo, profetas; em terceiro, mestres; em seguida, há o dom dos milagres, depois o das curas, o das obras de assistência, o de governo e o das diversas línguas. Porventura são todos apóstolos? São todos profetas? São todos mestres? Fazem todos milagres? Possuem todos o dom das curas? Todos falam línguas? Todos as interpretam? Aspirai, porém, aos melhores dons. Aliás vou mostrar-vos um caminho que ultrapassa todos os outros» (1Cor 12,28-31). Na Igreja há diversidade de dons, mas o Espírito e o Senhor são o mesmo e, cada dom, é dado para a promoção do bem comum (cf. 1Cor 12,4-11).

Ao longo da história a Igreja reconheceu este serviço como expressão concreta do carisma pessoal, que tanto favoreceu o exercício da sua missão evangelizadora desde as primeiras comunidades. Ainda hoje a Igreja estimula esse mesmo ministério como sinal de fidelidade à permanência na Palavra de Deus. Ao longo de dois milênios de história a Igreja reconheceu o delicado e generoso serviço de tantos que se dedicaram à instrução catequética realizando uma missão insubstituível na transmissão e aprofundamento da fé, como bispos, sacerdotes, diáconos, religiosos, leigos e leigas. Dentre tantos, reconhecemos também muitos beatos, santos e mártires catequistas.

A catequese edifica a Igreja

A catequese em sido uma forma de ministerialidade (de experiência de serviço eclesial) concretizada por homens e mulheres que, obedientes à ação do Espírito Santo, dedicaram a sua vida à edificação da Igreja. Com múltiplas expressões esse é um serviço essencial para a vida da Igreja, pois a fé precisa ser a aprofundada.

Renovada consciência catequética

A partir do Concílio Ecumênico Vaticano II, a Igreja assumiu uma renovada consciência sobre a importância do compromisso do laicato na obra de evangelização. O Decreto “Ad Gentes” afirma: «É digno de elogio aquele exército com tantos méritos na obra das missões entre pagãos, o exército dos catequistas, homens e mulheres, que, cheios do espírito apostólico, prestam com grandes trabalhos uma ajuda singular e absolutamente necessária à expansão da fé e da Igreja. Hoje em dia, em razão da escassez de clero para evangelizar tão grandes multidões e exercer o ministério pastoral, o ofício dos catequistas tem muitíssima importância» (AG,17). Diversos outros eventos contribuíram para a renovação da Catequese: o interesse constante dos papas, os Sínodo dos Bispos, as Conferências Episcopais, o magistério dos bispos, a Compilação do Catecismo da Igreja Católica, a Exortação apostólica Catechesi tradendae, o Diretório Geral da Catequese, etc.

A corresponsabilidade

O bispo é o primeiro Catequista na sua diocese, mas isso não dispensa a corresponsabilidade e a colaboração de outros sujeitos eclesiais como, os pais, catequistas leigos e leigas que, em virtude do batismo, são chamados a colaborar no serviço da catequese em cada ambiente. O ministério da Catequese abraça as condições culturais de cada contexto, mas conservando sua fidelidade ao evangelho. A Catequese, frente a tantos desafios culturais, vê-se diante de um grande desafio: “despertar o entusiasmo pessoal de cada batizado e reavivar a consciência de ser chamado a desempenhar a sua missão na comunidade requer a escuta da voz do Espírito que nunca deixa faltar a sua presença fecunda”.

O apostolado dos leigos

O Papa Francisco através do ministério de Catequista nos recorda a importância do apostolado dos leigos na Igreja. Eles «são especialmente chamados a tornarem a Igreja presente e ativa naqueles locais e circunstâncias em que, só por meio deles, ela pode ser o sal da terra» (LG, 33); «os leigos podem ainda ser chamados, por diversos modos, a uma colaboração mais imediata no apostolado da hierarquia, à semelhança daqueles homens e mulheres que ajudavam o apóstolo Paulo no Evangelho, trabalhando muito no Senhor» (LG, 33); o Catequista é chamado, antes de mais nada, a exprimir a sua competência no serviço pastoral da transmissão da fé que se desenvolve nas suas diferentes etapas; o Catequista é simultaneamente testemunha da fé, mestre e mistagogo, acompanhante e pedagogo que instrui em nome da Igreja.

A diversidade de ministérios

O ministério de catequista não é único e não está isolado. Ao lado desse ministério há outros que já foram oficialmente reconhecidos pela Igreja, como ministério de leitor e acólito, bem como os serviços de ostiário, exorcista, etc. Tais ministérios são preciosos para a implantação, a vida e o crescimento da Igreja e para a sua capacidade de irradiar a própria mensagem à sua volta e para aqueles que estão distantes (cf. Paulo VI. EN, 73).



O perfil dos catequistas

O papa Francisco também nos apresenta alguns critérios sobre o perfil daqueles que podem ser convocados para serem catequistas. Não é um serviço para qualquer um; por isso o ministério de Catequista requer o devido discernimento  e se evidencia com o Rito de instituição; é um serviço estável prestado à Igreja local de acordo com as exigências pastorais dadas pelo bispo. “Convém que, ao ministério instituído de Catequista, sejam chamados homens e mulheres de fé profunda e maturidade humana, que tenham uma participação ativa na vida da comunidade cristã, sejam capazes de acolhimento, generosidade e vida de comunhão fraterna, recebam a devida formação bíblica, teológica, pastoral e pedagógica, para serem solícitos comunicadores da verdade da fé, e tenham já maturado uma prévia experiência de catequese. Requer-se que sejam colaboradores fiéis dos presbíteros e diáconos, disponíveis para exercer o ministério onde for necessário e animados por verdadeiro entusiasmo apostólico”.

Leia na íntegra o Motu próprio Antiquum Ministerium

terça-feira, 11 de abril de 2023

40 anos da Catequese Renovada


 

Hoje, 11 de abril, 18h -  40 anos da Catequese Renovada: Memória, Perspectivas e Celebração

O documento “Catequese Renovada, orientações e conteúdo”, pela CNBB teve como objetivo dar resposta às palavras de João Paulo II por ocasião de sua vinda ao Brasil, 1983. No pronunciamento, em Fortaleza, o papa disse que a catequese é uma urgência.

Com esta motivação, a Conferência dos Bispos nomeou uma comissão para preparar um texto, que seria apreciado por todos os bispos do Brasil, que foi aprovado na 21ª Assembleia Geral, em 1983, identificado como “Documento da CNBB, n. 26”. Com isto a catequese passou a ser uma prioridade em todas as dioceses do país.

A estrutura do texto está dividida em 4 partes, mostrando o contexto da realidade da Igreja no Brasil, numa cultura de eminência da pós-modernidade, num tempo já de queda dos fundamentos da fé cristã. João Paulo II tinha percebido isto e, de certa forma, fez uma forte provocação pastoral em todos os bispos brasileiros.

Na I Parte, o documento faz um relato histórico da catequese, com o título: “A catequese e a comunidade na História da Igreja”. Mostra-a como iniciação à fé e vida de comunidade; como imersão na cristandade; como instrução; como educação permanente para a comunhão e participação na comunidade.

Na II Parte, mostra os princípios para uma catequese renovada. Fala da linguagem, da pedagogia, da revelação, da fé, da missionariedade, da fidelidade a Deus, da unidade, das diversas dimensões da catequese, dos métodos, da formação e missão dos catequistas e de textos e manuais de catequese.

Na III Parte, toca em “Temas fundamentais para uma catequese renovada”. Para isto, mostra a situação das pessoas, o desígnio da salvação, a verdade sobre Jesus Cristo, sobre a Igreja, sobre o homem e sobre os compromissos próprios do cristão, especialmente, seu engajamento nos diversos setores da sociedade.

Por fim, a IV Parte fala da “Comunidade catequizadora”, do itinerário catequético de uma comunidade de fé, e como formar uma comunidade que ainda não deu passos em sua vida cristã. Termina o documento dizendo que a catequese é um processo permanente e indispensável para a educação da fé cristã.


Catequese Renovada